TELEXFREE LANÇA PAGINA NA INTERNET PARA OS PARTICIPANTES DA DEVOLUÇÃO



A Telexfree (Ympactus Comercial Ltda), empresa suspeita de promover pirâmide financeira nos Estados Unidos e no Brasil, lançou uma página na internet para os participantes solicitarem a devolução de dinheiro à companhia.Em aviso na página da Telexfree no Facebook, a empresa, que vendia planos de minutos de telefonia pela internet (VoIP) desde 2012, informa que essa quinta-feira (29) é o último dia para mandar um questionário com dados pessoais para a empresa.

telexfree processo de devolução

Com o nome "Transparência Ympactus", o site disponibiliza o "Requerimento de devolução de valor" pelo qual o divulgador informa dados pessoais (endereço, telefone, e-mail, identidade e CPF) que deverão ser usados no "mutirão da devolução".Empresa não pede conta em banco nem informa endereço para envio
A empresa, no entanto, não pede dados bancários dos divulgadores. O formulário deve ser enviado para o e-mail devolucao@transparenciaympactus.com.
Depois de confirmado o valor do crédito, o divulgador preenche um novo questionário chamado "Pedido de Ressarcimento de Crédito de Divulgador", que a Telexfree diz enviar por e-mail.
A Telexfree pede que o novo questionário tenha firma reconhecida em cartório e seja enviado para o endereço da empresa, sem informá-lo no site.
No Facebook, algumas pessoas reclamam de não ter recebido resposta da empresa.Advogado nega que site mantenha empresa na ativa
Segundo Pedro Ivo Cordeiro, advogado da Telexfree no Brasil, a empresa decidiu fazer o site para manter contato com os divulgadores e garantir a devolução dos valores. O advogado nega que a empresa esteja burlando a decisão da Justiça que a impede de operar no país ao criar a página.
"A empresa está se comunicando com os divulgadores pelo site; não há nenhuma comercialização. A empresa está cumprindo tudo o que foi determinado pela decisão da Justiça", diz.
"A empresa quer saber o que querem os divulgadores, suas pretensões, quanto eles julgam que têm direito de receber, explicar todo o processo criminal, a recuperação judicial", afirma Cordeiro.
Para o advogado Thiago Bottino do Amaral, especialista em Direito Penal Econômico da FGV, o site só pode ser considerado ilegal se a Justiça proibir o contato da empresa com os divulgadores, mesmo não relacionado a comércio de produtos.
"Eu interpreto que essa atitude da empresa tenta minimizar as acusações e, ao querer ressarcir, mostra que ali não é algo especulativo. Se a Justiça não determinou a proibição do contato com os divulgadores, não seria ilegal [o site]", disse Amaral.
O UOL tentou contato com a Justiça do Acre, que determinou o impedimento da operação da Telexfree no Brasil, para saber se o site indica que a empresa esteja trabalhando no país, mas não obteve resposta até a publicação do texto.Telexfree é proibida de operar no Brasil desde junho de 2013
A empresa é proibida de operar no Brasil por decisão da Justiça do Acre de junho de 2013, sob acusação de pirâmide financeira.
Por meio de decisão da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Acre, a Telexfree ficou proibida de obter novas adesões de divulgadores, de receber dinheiro e pagar comissões relacionadas às vendas, de vender os kits de contas VoIP sob multas de até R$ 100 mil por cada cadastramento.
A sentença da juíza Thaís Khalil também determinou que os bens e valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos sócios ficassem indisponíveis.Dono da empresa está preso nos EUA
Nos Estados Unidos, a empresa é acusada de movimentar um esquema de pirâmide financeira num total de US$ 1,1 bilhão em diferentes países, e deixado vários divulgadores sem receber pelo que venderam.
Depois de formalizada a acusação neste mês, um dos seus fundadores, o norte-americano James Merrill foi preso em Massachusetts (sede da Telexfree nos EUA), acusado de comandar o esquema ao lado do brasileiro Carlos Wanzeler.
Wanzeler que morava em Massachusetts está no Brasil, segundo seu advogado, e é considerado foragido nos EUA. Sua mulher, Katia Wanzeler, foi presa no aeroporto JFK de Nova York tentando voltar para o Brasil. Depois ela foi solta, mas não pode sair dos EUA sem autorização da Justiça norte-americana.
O FBI, a Polícia Federal dos EUA, lançou recentemente um formulário voltado a quem se sentiu lesado pela empresa nos Estados Unidos. Ele pode ser acessado aqui.
A empresa nega qualquer irregularidade em suas operações.

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